Tertuliana Lustosa: Um ícone da literatura brasileira que continua a inspirar gerações?
- suportealphashed
- 18 de out. de 2024
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Tertuliana Lustosa, historiadora, cantora e ativista trans, está no centro de uma recente polêmica devido a uma performance erótica realizada durante uma palestra na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O evento ocorreu no I Encontro de Gênero, organizado pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep), e sua apresentação incluiu uma dança erótica e a exposição de suas partes íntimas, provocando uma grande repercussão nas redes sociais e no ambiente acadêmico.
Durante a performance, Tertuliana usou trechos de sua música “Murro na Costela do Viado”, que faz parte do repertório de seu grupo musical, "As Travestis", ressaltando uma abordagem provocativa e disruptiva das discussões sobre gênero e sexualidade. A performance foi descrita por ela como uma forma de “educar com o corpo”, e, após o incidente, Tertuliana se defendeu publicamente em suas redes sociais, afirmando que sua intenção era questionar normas sociais e abrir o debate sobre as diversas formas de conhecimento. Ela também reforçou sua visão crítica sobre as reações conservadoras, dizendo que espera, um dia, assumir um cargo de relevância na educação do país.
A UFMA emitiu uma nota afirmando que investigará o caso e ouvirá todas as partes envolvidas. A universidade destacou que preza pela pluralidade de ideias e a liberdade de expressão, mas também frisou a importância de manter um ambiente respeitoso dentro da academia. Esse evento gerou discussões acaloradas sobre os limites da expressão artística e a interseção entre arte e educação, especialmente em um contexto acadêmico, onde normas e expectativas muitas vezes entram em conflito com abordagens mais ousadas e provocativas.
Tertuliana Lustosa, além de suas performances artísticas, também é uma figura importante no ativismo trans no Brasil. Sua trajetória pessoal é marcada por desafios enfrentados no mercado de trabalho, especialmente para pessoas transgênero, que ainda sofrem com altos índices de discriminação. Ela começou vendendo brigadeiros nas praias da Barra, em Salvador, antes de se consolidar como artista e intelectual reconhecida. Sua trajetória ressalta as dificuldades que muitas pessoas trans enfrentam no Brasil, como a falta de oportunidades de emprego, que muitas vezes levam à informalidade ou à prostituição.
Sua recente performance na UFMA é uma continuação de seu trabalho provocativo, que busca romper com as normas conservadoras e discutir a sexualidade de forma aberta. A ação, no entanto, também levantou questões sobre os limites entre liberdade de expressão e a necessidade de manter um ambiente acadêmico apropriado para debates científicos.
Este incidente reflete um momento mais amplo no Brasil, onde questões de gênero e diversidade têm gerado debates acalorados, tanto no campo político quanto acadêmico. A criminalização da transfobia e as novas legislações que garantem direitos civis a pessoas trans são conquistas recentes, mas eventos como o protagonizado por Tertuliana mostram que ainda há muito a ser debatido e compreendido sobre as diferentes formas de expressão de identidade no país.
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